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Maternidade sincera: Separação e filhos - como tratar deste assunto com as crianças?
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Quando um casal decide se comprometer, criar vínculos e formar família, é porque acredita no potencial do amor existente. Passa a ter sonhos e projetos compartilhados e edifica uma vida comum na intenção dessa relação ser eterna. Acontece que esse ideal nem sempre se realiza e são muitos os fatores que podem levar um casal a constatar que o melhor caminho para a felicidade é a separação. Equilibrar razão e emoção em um ambiente familiar nem sempre é fácil. Ainda mais agora em tempos de pandemia, onde o convívio é maior e o estresse diante da situação atual também.
Segundo levantamento do Google para revista Pais&Filhos, em março de 2020 o site de buscas registrou no Brasil aumento de 82% na pergunta “como dar entrada no divórcio?”. E o fenômeno é observado na prática em países como China, Portugal e EUA, que registraram uma alta na procura de advogados com o intuito de realizar o pedido de divórcio.
Independente do momento, a separação é sempre um processo em que deve prevalecer o bem-estar de todos. Pensando nisso, convidamos a psicopedagoga Jaqueline Comerlato pra apontar caminhos e reflexões para que, mais do que saber lidar com o rompimento, os pais e mães aprendam a respeitar a capacidade de compreensão e os sinais que a criança demonstra diante do processo. Veja algumas dicas que podem tornar a trajetória mais leve para adultos e crianças:
Como tratar desse assunto com os filhos
"O processo de separação sempre é um assunto delicado, pois é um ciclo que se fecha provocando muita dor. Buscar o equilíbrio entre razão e emoção não é fácil. A questão é como atravessar este momento sem que os filhos sofram demais ou fiquem traumatizados.
A forma de lidar com cada filho depende da personalidade e da idade de cada um. Mas independente disso, alguns cuidados precisam serem tomados. Por mais que os pais tentem preservar os filhos, eles podem perceber que algo não vai bem e isso provoca medo do que possa vir a acontecer.
Quando os filhos perguntam aos pais sobre o que está acontecendo a verdade deve ser dita, mas sempre de maneira a preservar ao máximo os assuntos que só dizem respeito ao casal. Por exemplo, se a criança pergunta por que estão se tratando tão mal, ou por que estão tão distantes, os pais podem simplesmente dizer que estão passando por uma crise e estão vendo como irão resolver. É importante deixar claro que isso não tem nada a ver com eles e nem com o amor que sentem pelos filhos.
Para conduzir este difícil momento da melhor forma possível, é importante tomar alguns cuidados, como:
• Evitar brigas e discursões na frente das crianças;
• Manter ao máximo a rotina dos filhos, inclusive os encontros com amigos e parentes;
• Procurar incluir atividades prazerosas e que possam descontrair as crianças, como uma atividade física ou artística, por exemplo;
• Ter tolerância para as possíveis mudanças de comportamento dos filhos, pois eles poderão apresentar atitudes diferentes do normal quando percebem que algo está alterado;
• Deixar claro que o pai sempre será pai e a mãe sempre será mãe;
• Nunca usar os filhos para agredir ou “mandar recados”;
• Não depreciar ou desqualificar o outro para as crianças. Os filhos não precisam saber o que magoou os pais. Precisam saber apenas que vocês não estão mais se entendendo e que isso não é culpa deles.
Quando todas as decisões estiverem tomadas, é a hora de chamar os filhos e, de forma clara e objetiva, explicar o que foi resolvido.
Mesmo com todos esses cuidados, os filhos poderão demonstrar muita ansiedade, sofrimento, ter problemas na escola, ficar mais agressivos ou emotivos. Estar próximo, ter paciência e demonstrar amor e carinho é fundamental. Quando os pais sentem que não estão conseguindo diminuir a angústia e as consequências se agravam, pode ser a hora de procurar ajuda especializada. Com o passar do tempo, outras rotinas serão estabelecidas, mágoas serão amenizadas e tudo seguirá com mais tranquilidade.
Jaqueline Comerlato
Pedagoga com especializações em Psicopedagogia Clínica, Educação Especial: Deficiência Mental e em Gestão Estratégica de Recursos Humanos.
Atuou em consultório particular, como professora de Sala de Recursos (espaço destinado ao atendimento de crianças com necessidades especiais na rede pública de Caxias do Sul-RS). Foi também diretora de escola e professora do curso de pós-graduação em Educação Inclusiva da FSG.