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Maternidade sincera: Luto Infantil
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A perda de um brinquedo, a separação de um amiguinho ou dos pais, a troca de escola, a morte de alguém próximo... assuntos que parecem tão complexos de tratar com as crianças, não é mesmo? E o mais difícil: assuntos normalmente evitados por considerar essa uma atitude de proteção aos pequenos. Grande engano o nosso, não? O Maternidade Sincera do mês de abril tem como convidada a psicóloga Sonia Rosseti, que aborda a questão do luto infantil e mostra caminhos para tratar desses acontecimentos com as crianças. Mais do que isso, um convite ao acolhimento e uma demonstração de respeito ao que se passa com eles nesses momentos delicados.
Vamos falar sobre o luto infantil?
Quando falamos de luto infantil é comum surgirem muitas dúvidas de como abordar esse assunto com as crianças. Isso porque falar de perdas e da morte envolve não só ter consciência e vivenciar nossas fragilidades, mas também perceber como não sabemos lidar com o fim da existência. Evidencia a incapacidade de controlar os acontecimentos que ocorrem na vida e intensificar o sentimento de insegurança e vulnerabilidade diante do desconhecido.
A perda, a frustração, as separações e a morte fazem parte da vida, assim como os ganhos, as conquistas, as satisfações e os nascimentos. Assim, sendo esses acontecimentos naturais e parte de nossa jornada, a melhor forma de se encarar o sofrimento, a vida e a morte, é poder falar dos sentimentos que acompanham essas questões. No que se refere às crianças, isso tem implicações no desenvolvimento dos seus aspectos cognitivos, emocionais e sociais. E é exatamente por isso que falar desses assuntos com elas deve fazer parte do cotidiano, preparando-as desde cedo para enfrentar o que a vida dispor.
Mas aquele desconforto permanece, não é mesmo? Então como encontrar caminhos para discutir a questão do luto com as crianças, para lidar com a dificuldade de abordar um tema envolto em sentimentos como a dor, a raiva e a tristeza?
É importante para o desenvolvimento infantil saudável e para a elaboração do luto que se converse com a criança sobre as perdas vividas (a perda de um brinquedo, a separação de um amigo ou dos pais, a troca de escola, a morte de alguém próximo) e sobre o que se relacionar a elas. A criança deve ser escutada e acolhida, ter as suas perguntas respondidas com a verdade e ter espaço para expressar suas emoções, sua tristeza, seu medo, sua raiva. É importante que seja respeitada, ouvindo-a sem julgar como certo ou errado, sobre o que diz e sente, assim como no caso de não conseguir ou de não querer falar sobre isso. Nem sempre a crianca consegue se expressar com palavras e pode fazer uso de outras formas para comunicar o que sente, se manifestando com alterações no comportamento, no sono, no apetite, na resposta diferente que dá para situações cotidianas e na mudança de hábitos, por exemplo.
Se você está passando por um desses momentos delicados e perceber isso no seu filho ou na criança que acompanha, mostre para ela que compreende o que ela sente. Nesse momento, você pode falar também dos seus sentimentos e do quanto é pertinente sentir essas emoções quando algo triste, frustrante e doloroso acontece. Isso ajuda a criança a sentir-se adequada e compreendida. Não esqueça que o luto diante da perda de alguém ou de algo é compartilhado por todos os envolvidos e que falar das emoções que ele desperta favorece a compreensão por parte das crianças, além de fortalecer o vínculo familiar.
Responder às perguntas que a criança fizer, esclarecendo que nem sempre temos respostas e que isso faz parte da vida, ensina a compreender que não sabemos de tudo, que há respostas que variam de acordo com o ponto de vista de quem responde e que há respostas que ainda não temos e que talvez nunca teremos. Lembre-se também que faz parte do desenvolvimento infantil a repetição de perguntas e que, em casos assim, a paciência é fundamental. O fato de repetir a pergunta não tem relação com a criança não ter entendido a resposta, mas sim com a possibilidade de revisitar e reinterpretar o que aconteceu a partir de novos pontos de vistas, conforme seu amadurecimento.
As crianças possuem um grande potencial criativo, estando propensas a cultivar fantasias que, em casos como o de luto, acabam mobilizando o sentimento de culpa. Podem criar histórias a respeito do que aconteceu e fantasiar que provocaram a perda, por exemplo. A verdade sobre o ocorrido minimiza esse risco. As reações da criança à perda e separação vão depender de vários fatores: a relação que a mesma tinha com a pessoa que morreu ou se afastou; a causa e as circunstâncias da situação de perda (repentina ou não, violenta ou não); o que é contado para a criança; e as oportunidades que são oferecidas para ela falar e perguntar.
As crianças e o entendimento sobre o ciclo da vida
A morte é a única situação que não temos como evitar em nossas vidas. Portanto, não falar sobre o assunto, ou seja, “proteger a criança”, poderá dificultar seu entendimento sobre o ciclo da vida. Falar da morte não é criar a dor e nem a aumentar. Ao contrário, a verdade alivia a criança e ajuda a elaborar a perda. Tenha em mente que, por menor que seja a criança (mesmo as com até dois anos, que ainda não tem nenhuma compreensão da morte devido a sua incapacidade de abstrair), as experiências de perda já são sentidas. Ela percebe a ausência e a presença.
Outra dúvida muito comum é sobre a ida da criança ao velório. Esse é um momento que permite a despedida e que facilita a compreensão sobre a impossibilidade de voltar a ver aquela pessoa. Ir ao velório pode ser um desejo da criança. O indicado é não determinar sua presença ou ausência, mas possibilitar que ela mesma escolha. Os pais devem esclarecer sobre como será a cerimônia, que tipo de comportamento a criança deverá ter, quanto tempo costuma durar, se ela poderá receber atenção no local ou não, entre outros aspectos. No caso dela optar por ir, todas essas informações e orientações prévias vão ajudá-la a lidar com essa nova experiência.
Ajude a criança a enfrentar a perda e o luto
Para ajudar a criança no enfrentamento da perda e do luto encoraje-a a expressar seus sentimentos. Discuta a morte de forma que a criança possa entender, valendo-se de livros ou de vídeos infantis para ajudar nessa tarefa. Fale com a criança de acordo com seu nível de desenvolvimento. Seja paciente e não crie expectativas. A criança poderá oscilar entre momentos de tristeza, raiva e alegria. Aceite os sentimentos, percepções e reações da criança, bem como as diferenças de opiniões, dúvidas e questões. Lembre-se que cada um tem um tempo diferente para elaborar seu luto. Prepare a criança para continuar sua vida e reforce que ela se sentirá melhor depois de um tempo. Contribua para que a criança possa lembrar-se da pessoa. Proponha que escreva ou desenhe sobre momentos vividos com a pessoa ou o animalzinho, que olhe fotografias, que guarde algum objeto. Assim, o medo de esquecer quem morreu será aliviado com essas lembranças. E se, apesar dessas tentativas todas, você ou a criança estiverem com dificuldade de seguir em frente, não hesite e procure ajuda de um profissional.
Sonia Rossetti
Psicóloga com especialização em terapias cognitivo-comportamentais, terapia familiar e psicologia escolar. Em formação em Terapia Comportamental Dialética e Terapia do Esquema.
Atendimento on-line e presencial. Consultório em Caxias do Sul.
psicologasoniarossetti@gmail.com
@psi.soniarossetti